Juliana Santos não é apenas uma atleta – é uma voz, um exemplo e uma lutadora de alma cheia. A sua energia no ringue é explosiva, mas o que realmente inspira é o que ela representa fora das cordas: coragem, persistência e um objectivo claro. Nesta conversa com o projecto More Women in Boxing, fala sobre a força da união, o desejo de inspirar – e o que ainda precisa de mudar para que mais mulheres e raparigas descubram o seu lugar no boxe.
FightNews: Quando uma rapariga te observa a treinar – o que gostarias que ela visse em ti?
Juliana Santos: Gostava que visse força, determinação e paixão. Que percebesse que o boxe é mais do que lutar – é superar limites.
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FightNews: Houve algum momento na tua carreira em que sentiste: “Agora estou a inspirar outras mulheres”?
Juliana Santos: Sim, quando comecei a perceber que havia meninas a dizer que queriam experimentar o boxe por minha causa. Aí percebi que o que faço tem impacto.
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FightNews:O que ainda falta, na tua opinião, para que mais mulheres e raparigas entrem no ringue?
Juliana Santos: Falta visibilidade, mais apoio e menos preconceito, pois ainda há quem ache que o boxe não é para mulheres.
FightNews:Em que aspectos sentes que o boxe te fortaleceu – mesmo fora do ringue?
Juliana Santos: Deu-me confiança, disciplina e ensinou-me a lidar com a pressão. Aprendi a levantar-me mesmo quando a vida me manda abaixo.
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FightNews:Se tivesses de contar a tua história com apenas três palavras – quais escolherias?
Juliana Santos: Resiliência, coragem, paixão.
FightNews: Como lidas com os estereótipos ou preconceitos que ainda existem sobre mulheres no desporto de combate?
Juliana Santos: Com treino, resultados e atitude. Não perco tempo a tentar provar nada a ninguém – mostro com acções.
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FightNews:Imagina que estás a organizar um evento de boxe só para mulheres – o que seria mais importante para ti?
Juliana Santos: O ambiente. Queria que fosse acolhedor e motivador, onde todas se sentissem parte de algo especial.
FightNews:Há mulheres no desporto – conhecidas ou não – que te impressionam particularmente? Porquê?
Juliana Santos: Sim, admiro muito as que continuam mesmo sem apoio, só pelo amor ao desporto. Isso, para mim, é verdadeiro espírito de luta.
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FightNews:Que importância tem para ti a solidariedade entre mulheres no desporto?
Juliana Santos: É fundamental. Sozinhas vamos mais rápido, mas juntas vamos mais longe.
FightNews:O que dirias à Juliana de 13 anos, no dia em que calçou as luvas pela primeira vez?
Juliana Santos: Vai doer, vais cair, mas vais crescer. Nunca deixes de acreditar em ti.
FightNews:Alguma vez pensaste em desistir – e o que te fez continuar?
Juliana Santos: Já, mas o amor ao boxe fez-me lembrar o porquê de ter começado – e foi isso que me manteve firme.
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FightNews:Como gostarias que fosse o boxe feminino em Portugal daqui a cinco anos?
Juliana Santos: Mais reconhecido, com mais atletas, mais eventos e igualdade de oportunidades.
FightNews: Que mensagem deixarias às mulheres que ainda não tiveram coragem de começar a treinar boxe?
Juliana Santos: Vai sem medo, pois o difícil é o primeiro passo. Depois, nunca mais vais querer parar.
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Juliana Santos lembra-nos que o boxe é mais do que um desporto – é um espaço onde as mulheres se fortalecem, se tornam visíveis e puxam umas pelas outras. A sua história faz parte de um movimento crescente que quer abrir o ringue a todas. Porque, como ela própria diz: “O ringue também é nosso.”