Cristiana Ferreira tem 24 anos e uma história que começou aos 13, com um par de luvas e uma curiosidade que rapidamente se tornou paixão. Conhecida por todos como “Cris”, é hoje treinadora na União Desportiva da Sé 1938 — o clube onde tudo começou. O que era apenas uma experiência, guiada pelo irmão e apoiada pelo pai, transformou-se numa vocação de vida.
Entre memórias de combates, anos de formação e uma ligação inabalável ao seu mestre, Litos, Cris fala sobre o impacto do boxe na sua vida, a importância de acreditar, e o papel transformador do desporto, especialmente para as mulheres. Com uma linguagem genuína e sem rodeios, mostra que o verdadeiro combate é travado todos os dias — com alma, coração e determinação.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Qual é, para ti, a maior diferença entre ser atleta e ser treinadora de boxe?
Cris ferreira: Como atleta, o foco estava todo em mim, nos meus treinos e na minha evolução. Como treinadora, o foco passa a ser os outros. Vivo as vitórias dos nossos alunos como se fossem minhas, e sinto cada dificuldade deles no coração.
FightNews: O que mais te entusiasma no trabalho como treinadora de boxe?
Cris ferreira: Ver alguém crescer. Ver uma pessoa chegar insegura e, com o tempo, ganhar confiança, força e acreditar em si — isso é incrível.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: O que te motiva, dia após dia, a continuar com esse compromisso?
Cris ferreira: O amor que tenho por este desporto, pelas pessoas que me acompanham e por todos os atletas que o praticam. O boxe ajudou-me a superar fases difíceis da minha vida, e hoje quero que outras pessoas sintam esse poder também.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews:Tens um objetivo pessoal como treinadora? Se sim, qual é?
Cris ferreira: Quero deixar marca. Não só no ringue, mas no coração de quem passa por mim. Formar atletas, sim. Mas, acima de tudo, formar pessoas fortes.
FightNews: Qual foi o momento mais bonito que já viveste como treinadora de boxe?
Cris ferreira: Foi ver um aluno da nossa equipa, que começou super inseguro, ganhar o seu primeiro combate. A alegria dele, o brilho nos olhos, o abraço no fim… foi ali que percebi: “É isto. É por isto que faço o que faço.”
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Como percebes que o teu treino tem impacto nos/as atletas?
Cris ferreira: Nos olhos. No brilho. No esforço. Quando eles me dizem “graças ao boxe, sou outra pessoa”, eu percebo que estou no caminho certo.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Como lidas com desafios ou momentos difíceis nos treinos — em ti própria ou nos/as teus/tuas atletas?
Cris ferreira: Com verdade. Às vezes é só preciso ouvir. Outras vezes é puxar por eles. Nem todos os dias são bons — o segredo é nunca desistir.
FightNews: Como vês hoje o papel das mulheres no boxe — achas que já houve mudanças?
Cris ferreira: Houve, mas ainda é preciso mais. Já não somos invisíveis, mas ainda temos de provar o dobro — com muita garra.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: O que dirias a uma rapariga que está a começar a praticar boxe?
Cris ferreira: Vai com tudo. Vais descobrir uma força que nem sabias que tinhas. Não te deixes levar pelo que os outros dizem.
FightNews: O que gostarias de ver no futuro do boxe feminino — em Portugal e além-fronteiras?
Cris ferreira: Mais visibilidade, mais respeito, mais oportunidades. O talento está cá — só falta o mundo olhar com mais atenção.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Se pudesses escolher livremente: onde gostarias de estar como treinadora daqui a cinco anos?
Cris ferreira: Na minha equipa de raiz, União Desportiva da Sé 1938, mas nos ringues internacionais com uma fornada de campeões.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Que conselho darias a outras raparigas ou mulheres que pensam em treinar boxe ou seguir este caminho?
Cris ferreira: Vai. Sem medo. Vais ouvir muitos “não consegues”, mas cada soco que deres no saco é uma resposta a isso.
FightNews: Na tua opinião, como é que alguém percebe se tem o que é preciso para ser treinadora de boxe? Há um momento em que se sente: “eu consigo”?
Cris ferreira: Sim. Para mim, foi quando percebi que conseguia inspirar os outros, que o que eu dizia e ensinava fazia diferença. Ser treinadora não é só saber boxe — é saber lidar com pessoas, motivar, apoiar. Se sentes isso no coração, então já tens o essencial.
Imagem cedida Cris Ferreira
FightNews: Enfrentaste desafios específicos por seres mulher no papel de treinadora de boxe?
Cris ferreira: Sim, mas nunca baixei a cabeça. A melhor resposta para isso são os resultados. Ser mulher não é um obstáculo — é a minha força. Respeito não se pede, conquista-se. E eu conquistei o meu.