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Inteligência Artificial: O novo round do treino de combate

Como a inteligência artificial está a redefinir o treino e a competição

Redação
Por: Redação Fonte: Redação Fight News
07/07/2025 às 14h12 Atualizada em 14/07/2025 às 17h06
Inteligência Artificial: O novo round do treino de combate

A inteligência artificial deixou de ser coisa de laboratório ou cena de ficção científica.
Nos bastidores do MMA, do boxe, do jiu-jitsu e de tantas outras modalidades, ela já é uma realidade silenciosa mas poderosa.
Enquanto alguns atletas ainda treinam com cronómetro, outros já contam com algoritmos que antecipam padrões de movimento, sugerem contramedidas e analisam desempenho ao vivo.

O combate tornou-se híbrido.
Mas também pode tornar-se mais desigual.

O que já existe

Plataformas como a Jabbr.ai usam machine learning e visão computacional para analisar frame a frame treinos e combates. A ferramenta pode simular lutas contra adversários reais, prever o que eles farão com base em histórico de combates, e oferecer sugestões táticas a treinadores e atletas.

Na Professional Fighters League (PFL), o SmartCage já mede estatísticas em tempo real:
– velocidade dos socos
– deslocamento dos atletas
– frequência cardíaca
– zonas de impacto

Esses dados são usados por equipas técnicas entre os rounds para ajustar a estratégia.
Estamos a falar de decisões feitas não com base no “olho do treinador”, mas com apoio de métricas de precisão.

O treino está a mudar — e a carreira também

Segundo um estudo citado no portal ITMunch, o tempo médio de carreira de um lutador de MMA é de 1,5 anos, muito inferior a outras modalidades profissionais como futebol (4,3 anos) ou NBA (4,8 anos).
A tecnologia, segundo os especialistas, pode mudar isso.

Wearables como os da Hysko monitoram estabilidade, aceleração, potência e até ritmo de recuperação.
Usando esses dados, é possível evitar overtraining, planejar períodos de carga com inteligência e prolongar a longevidade competitiva do atleta.

A proposta?
Deixar para trás o modelo de treino baseado apenas em força bruta, substituindo por algo mais próximo daquilo que os olímpicos já fazem:

25% treino técnico

30% sparring leve

20% força

15–25% recuperação

no máximo 10% de sparring pesado

Menos impacto. Mais estratégia. E, possivelmente, mais tempo de carreira.

E se a IA também ajudasse a julgar?

O Dr. Kamran Mahroof, professor de Inteligência Artificial na University of Bradford (Reino Unido) e líder do programa de Mestrado em IA Aplicada e Análise de Dados, além de faixa preta em taekwondo, propõe o uso de algoritmos não só para treinar, mas também para suportar decisões de arbitragem.

Sensores nos equipamentos poderiam medir:

local de impacto

força do golpe

número de ataques limpos

Com isso, seria possível complementar a pontuação dos juízes com dados objetivos, especialmente em situações de dúvida ou empate.
Além disso, Mahroof sugere que o uso de blockchain poderia tornar os resultados mais transparentes: cada score seria registado de forma imutável e pública.

Quando a tecnologia é uma vantagem — mas não para todos

Apesar dos avanços, nem todos os atletas têm acesso a essa realidade.

A maioria dos ginásios ainda opera com recursos limitados.
O custo de sensores, softwares e dispositivos de análise ainda é inacessível para quem treina em academias pequenas, sem patrocínio ou estrutura de alto rendimento.

Na prática, surge um novo tipo de desigualdade: a desigualdade digital no treino.
Enquanto alguns contam com inteligência artificial para afinar detalhes, outros seguem a treinar no escuro — literalmente no improviso.

No fundo, a tecnologia é uma arma.
Mas, como qualquer arma, só está nas mãos de quem pode pagar por ela.

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O que a IA nunca vai medir

Apesar de tudo, há algo que a inteligência artificial não consegue simular:
– O timing que vem do instinto
– A decisão de arriscar num segundo que vale a luta inteira
– A leitura emocional de quem sente o adversário
– A vontade de continuar mesmo quando o corpo já cedeu

A IA pode prever.
Mas ainda és tu que escolhes lutar.

E talvez o futuro pertença a quem souber unir os dois:
a precisão dos dados + a imprevisibilidade do coração.

O combate evoluiu.
Treinar já não é apenas bater, correr e resistir.
É também analisar, ajustar, interpretar e antecipar.

A questão que fica para o futuro é simples e brutal:
vais lutar só com técnica ou também com informação?

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