Estudos científicos recentes têm revelado um impacto significativo do Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ) na saúde mental dos praticantes — e os resultados vão além da performance desportiva.
Segundo uma revisão publicada no Journal of Physical Education and Sport, praticantes regulares de BJJ demonstram menores níveis de agressividade, mais autocontrolo emocional e maior resiliência psicológica. Em alguns casos, os benefícios estendem-se a áreas como redução de sintomas de ansiedade, depressão e stress pós-traumático (PTSD).
Um estudo mais recente, publicado em 2025, analisou 420 praticantes de Jiu-Jitsu, de faixa branca a preta. A pesquisa demonstrou que faixas pretas apresentaram significativamente:
Maior força mental e resiliência
Mais autocontrolo e autoeficácia
Menores índices de sofrimento psicológico
O dado mais relevante? Quanto maior o tempo de prática, mais evidentes são os benefícios psicológicos. O treino não apenas condiciona o corpo — ele estrutura também o equilíbrio emocional, a capacidade de lidar com o stress e a clareza para a tomada de decisões sob pressão.
Ainda que o Jiu-Jitsu tenha sido o foco de muitos dos estudos mais recentes, outras modalidades também demonstram resultados semelhantes. Pesquisas envolvendo judo, taekwondo e capoeira reforçam a ideia de que, quando orientados por valores tradicionais — como respeito, disciplina e autoconsciência —, os desportos de combate atuam como verdadeiras ferramentas de desenvolvimento humano.
Além disso, o impacto social e comunitário da prática regular em academias — o chamado clima positivo do tatame — contribui para a criação de vínculos, sensação de pertença e suporte emocional, especialmente entre adolescentes, veteranos militares e populações em situação de vulnerabilidade.
Mais do que medalhas ou vitórias, o treino regular ensina algo cada vez mais valioso num mundo em constante aceleração: a capacidade de sobreviver ao caos interno.
No BJJ, o praticante é desafiado a manter a calma sob pressão física real, o que cria paralelos com a vida fora do tatame. Como explica Sugden (2021), o treino passa a ser uma forma de exposição controlada ao stress, tal como a terapia cognitivo-comportamental o faz — só que com o corpo inteiro envolvido no processo.
Com o crescimento do número de praticantes e a consolidação científica de seus benefícios, o BJJ pode vir a ser reconhecido como parte integrante de políticas públicas de saúde e bem-estar, tanto em contextos escolares quanto comunitários.
O desafio agora está em garantir que esses ambientes continuem acolhedores, éticos e orientados por valores formativos. O que está em jogo não é apenas o desempenho — mas a saúde, a dignidade e o futuro de quem escolheu lutar como forma de equilíbrio.
Fontes: Mickelsson, T. (2021). Brazilian Jiu-Jitsu as Social and Psychological Therapy. JPES. Lourenço-Lima et al. (2025). J. Funct. Morphol. Kinesiol. Sugden, J. (2021). Sociology of Sport Journal. Willing et al. (2019). Military Medicine